No primeiro texto da série: Erros cometidos na adoção e na execução dos OKR, falamos dos cuidados para não se confundir objetivo com iniciativa (ler aqui). Nesse novo artigo, vamos falar de um segundo grande equívoco cometido por algumas empresas: Não endereçar um responsável para cada objetivo. Contudo, para que não se cometa outro erro sobre esse erro, é de suma importância ter-se bem claro qual o papel desse responsável dentro da metodologia de OKR.
"O responsável pelo objetivo não responde pelo sucesso do objetivo."
Pode parecer contraditório, mas o responsável por um objetivo não deve responder pelo sucesso desse objetivo. Mas, então, qual seria o seu papel?
O papel de um responsável por um objetivo tem como missão garantir que os quatro grandes “super poderes” que a metodologia de OKR se propõe a entregar estejam ativos e presentes dentro do time. Sem eles a metodologia não se sustenta.
E quais seriam esses quatro grandes "super poderes"? Vejamos um a um:
1 - Foco e comprometimento: O responsável pelo objetivo é a pessoa que vai garantir que o time esteja de fato propondo e executando iniciativas que endereçam aquele objetivo. É muito comum os times perderem foco no decorrer do tempo em virtude de vários motivos (pedidos de áreas externas, imprevistos, procrastinação, detalhismo ao que não gera valor, etc). Essa pessoa tem como papel alertar o time quanto a esses desvios e manter o foco, e ela não necessariamente deve ser o gestor da área (veremos em outros textos quem pode assumir esse papel), pois os OKR não são e não devem ser Top Down.
2 - Alinhamento e Transparência: Outro papel dessa pessoa é garantir que todas as partes que precisam ser envolvidas para o sucesso do objetivo estejam devidamente alinhadas e municiadas com todos os dados, métricas e metas desse objetivo. Essa pessoa é quem sabe em detalhes sobre o andamento do objetivo, qual o status, os problemas, as iniciativas correntes. Portanto, se qualquer área quiser saber detalhes desse objetivo é essa pessoa quem irá comunicar e transparecer essas informações.
3 - Acompanhamento contínuo dos resultados: Todo objetivo deve ter suas métricas de sucesso (Key Results) e suas métricas de controle (KPI) (teremos um artigo específico para falar das diferenças). Quem mantém esses dados 100% atualizados e preenchidos é o responsável pelo objetivo. É ele quem garante que o time esteja informado quanto aos desvios das metas e garante que as fontes dos dados estão todas corretas e atualizadas. Para isso, esse responsável precisa ser extremamente analítico e dominar muito bem os dados da empresa. (Por quê aprender SQL?).
4 - Sem medo de sonhar grande: Por último, mas não menos importante, o responsável pelo objetivo precisa manter o time engajado e empolgado com o desafio proposto. Ele advoga em prol desse objetivo, ele vende o sonho e faz o time sonhar grande com os resultados e o impacto que eles irão gerar. O aspecto motivacional é muito importante. Times motivados produzem infinitamente mais que outros.
Vemos que em nenhum dos quatro "super poderes" listados a responsabilidade do sucesso do objetivo recai sobre essa pessoa. A metodologia de OKR estimula a autonomia e a cooperação. E pra que isso ocorre na sua plenitude tanto o sucesso quanto o fracasso devem ser compartilhados. Não se estimula cooperação sem que a responsabilidade pelas vitórias e pelas derrotas também estejam sendo compartilhadas, muito menos premiando e valorizando apenas os gestores que lideram. Por isso, é preciso ter em mente que sem mudanças culturais profundas os OKR não vão criar o ambiente de transparência, alinhamento e cooperação que as empresas tanto buscam.
Veremos em futuros textos como a figura desse responsável também está presente em outras metodologias ágeis (SCRUM, KANBAN) e como esses papéis se misturam.
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